domingo, 20 de fevereiro de 2011

A resistência do vinil (3)


Colecionador vende toda coletânea para preservar os vinis


Professor de música, João Regis Souza conta que a primeira lembrança de áudio de LP que tem é de 1963, quando tinha apenas seis anos. Em 1964, a descoberta dos Beatles foi fundamental para firmar o interesse pela música e coleção de discos, mesmo com a resistência do pai, que tinha um gosto musical mais tradicional e não aceitava que o filho ouvisse as canções dos “meninos que usavam cogumelos e LSD para compor”.

De 1967 em diante, Regis não parou mais de comprar LPs e conseguiu formar uma coletânea de mais de seis mil vinis, com gêneros que variam, do rock ao axé, passando pelo bom forró de Luiz Gonzaga. “Músico e professor de música, formei um gosto eclético”, explica.

Fã do vinil, Regis lembra que a primeira vez que comprou um CD foi por influência de um amigo que garantiu que a qualidade do som era infinitamente maior. “Me empolguei e comprei um de música italiana. Em três meses arranhou aí eu me decepcionei. Mesmo assim continuei com os CDs, mas preservando os discos”, relata.

O tesouro de uma vida toda teve ser vendido há dois meses, pela dificuldade em conseguir a agulha da vitrola. A coleção de Regis foi leiloada por R$ 2 mil no Mercado Livre, para que fosse preservada. Com o desuso e a necessidade de serem limpos a cada sete dias, os discos começaram a se estragar. “Foi muito difícil me desfazer deles, mas não tive outra opção”, lamenta.

por Orisa Gomes

orisagomes@blogdafeira.com.br

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