sexta-feira, 27 de maio de 2011

Repórter se demite e acusa editor de cortar polêmicas de entrevista com Ivete Sangalo


Por Eduardo Neco / Redação Portal IMPRENSA

Uma repórter do jornal baiano A Tarde se demitiu, nesta segunda-feira (28), sob a alegação de que o editor-chefe da publicação, Ricardo Mendes, teria cortado trechos de sua entrevista com Ivete Sangalo sobre questões delicadas, como a crise em sua empresa e um processo trabalhista de um ex-músico de sua banda.

Foto: Divulgação carnaval





Ivete Sangalo

Em comunicado divulgado entre jornalistas, Emmanuella Sombra explicou que deixa o jornal após quatro anos e sem "uma ideia romântica" do que é a profissão "ou de que não vá enfrentar" novamente a mesma situação.

A entrevista com Ivete Sangalo, feita na última sexta-feira (25), seria publicada na Muito, revista dominical do jornal A Tarde, e seguiu as recomendações da assessoria de imprensa da cantora, que pediu à repórter que não fizesse perguntas pessoais ou que tratasse de eventuais polêmicas com outros artistas.

"Mas para mim, neste momento, publicar uma entrevista de capa, com oito páginas internas de perguntas e respostas, em que, aos olhos do leitor, não se toca em dois dos assuntos mais relevantes envolvendo a cantora (isso pelo menos nos últimos três meses) é praticar um anti-jornalismo ao qual, em quatro anos de profissão, não estou acostumada", escreveu Emmanuella.

A repórter conta que não havia recebido qualquer recomendação de seus superiores quanto as restrições de temas com a cantora; sabia apenas que o gancho da matéria seria "o Troféu Dodô & Osmar, promovido e realizado pelo Grupo A Tarde, no qual Ivete Sangalo será mestre de cerimônias".

Ainda que os dois assuntos fossem considerados constrangedores, a repórter afirma que Ivete Sangalo respondeu aos questionamentos de "forma paciente e educada, longe dos bastidores do show business, sem nenhum tipo de pressão, e explicou qual sua versão dos fatos, afirmando que o irmão continua à frente dos negócios mesmo à distância".

A decisão de deixar o jornal em que iniciou sua carreira como jornalista ocorreu após o editor-chefe ter supostamente mantido seu nome na matéria, mesmo depois de a repórter pedir que o texto não fosse assinado por ela.

"Se um jornal tem em mãos um material de relevância jornalística e decide não publicá-lo para não correr o risco de ferir suscetibilidades ou atender a qualquer outro interesse que não o de informar, nada mais faz do que pôr em risco a própria credibilidade", disse a repórter. "Da minha, eu não abro mão", finalizou.

Procurado pela reportagem do Portal IMPRENSA, Ricardo Mendes disse que não iria comentar o caso.

O caso Aguirre Peixoto

Recentemente, o jornal A Tarde se envolveu em polêmica que extrapolou os limites do estado da Bahia ao demitir, por suposta pressão de empreiteiras, o jornalista Aguirre Peixoto, que escreveu uma série de matérias sobre crimes ambientais cometidos por incorporadoras com a conivência do governo estadual.

O jornalista acabou readmitido em regime especial após dias de estado de greve e do jornal perder seu editor-chefe, Florisvaldo Matos, que deixou o A Tarde dizendo que sua decisão era de um profissional com 52 anos de jornalismo.

Fonte: Portal Imprensa

Colaboração: Diego Barros

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